Quando as migrações acontecem
entre áreas rurais e urbanas, outras questões vêm à tona. Uma delas é o por quê
que as regiões rurais não conseguem segurar o seu contingente populacional. A
agricultura pratica duas formas de produção: Aquela de subsistência, onde
pequenos agricultores produzem para si e para o comércio local. E os grandes
latifundiários, voltados para a exportação.
A agricultura de subsistência, hoje
vista como características de regiões pobres e atrasadas, já foi mais eficiente
em formar em torno de si centros urbanos e comércio a exemplo do que aconteceu
com a região norte nos EUA. Diferentemente da região sul, onde grandes
extensões de terra na mão de um só dono priorizavam a produção para o mercado
externo. A centralização de recursos excessiva é reforçada pelo sistema
escravista e é incapaz de manter o progresso (repetindo o progresso e não a
concentração de renda) em torno de si ao tornar o comércio local inócuo. Tanto
é que as revoltas que se sucederam até a independência americana, começaram a
partir de Boston com o objetivo de manter a autonomia em face dos novos
impostos. E as colônias do sul, com sua grande concentração de renda, se uniram
a eles,para que o conjunto de 13 colônias se tornassem um país independente. E
assim os Estados Unidos foi um país que deu certo, principalmente porque a
autonomia do norte superou os vícios administrativos do sul.
O que teria acontecido com os EUA
se esses vícios tivessem prevalecido?
A maioria dos países que foram
colonizados mantendo suas economias como agriculturas comerciais e
latifundiárias são OS MESMOS que se tornaram subdesenvolvidos. Essa não é uma
realidade de quatro ou cinco séculos atrás. Até o início do século XX, no
México, as principais atividades econômicas eram a agricultura e a mineração voltadas
para exportação. Apenas 1% da população detinha 70% das terras cultiváveis. Conseqüentemente
esse processo gerou um grande contingente de mão-de-obra cada vez mais barata e
cada vez mais escravizada. As tentativas de reforma agrária, sem muito sucesso
e o início do processo de industrialização (também voltado para o mercado
externo) fez aumentar o número de pessoas nas áreas urbanas, mas sem
qualificação, o que fomenta problemas como desemprego, subempregos, violência e
precária qualidade de vida.
Fugir da pobreza
e da condição de miséria a qual é submetido, essa é mais uma razão pela qual as
pessoas decidem migrar. Mas será que estão realmente preparadas para isso? Ou
acabam indo de encontro a um problema maior?